2 de julho de 2016

Vitória da categoria! TRT reintegra Ana Paula Aramuni



No dia 30 de junho, foi publicada no Diário Oficial, decição que reintegra Ana Paula Aramuni aos quadros da Transpetro.

O Tribunal Regional do Trabalho do RJ reconheceu o direito à reintegração pela estabilidade enquanto membro eleito da CIPA e por que a Transpetro não provou a motivação da dispensa por justa causa.

Baseou a decisão na SÚMULA TST Nº 339 que diz: “I - O suplente da CIPA goza da garantia de emprego prevista no art. 10, II, "a", do ADCT a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988. II - A estabilidade provisória do cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos membros da CIPA, ...”

Visto que a Justiça reconheceu o carácter coletivo de tal decisão e garantiu assim a continuidade dos trabalhos nas CIPA’s que se dão quase sempre a partir de duros embates!


As reais causas da demissão

Ana Paula Aramuni desde sua admissão na Transpetro sempre foi atuante, assertiva e teve desempenho profissional de destaque. No entanto, nunca recebeu através do programa de avaliação de desempenho este reconhecimento.

Não obstante as verbas serem insuficientes para contemplar todos os profissionais de seu setor de origem, foi desde inicio discriminada por participar ativamente das atividades sindicais.

Mesmo antes de se eleger para a CIPA, já fazia os questionamentos pertinentes, embasados na legislação, normas técnicas , normas do MPT e até mesmo procedimentos da Petrobrás que são descumpridos habitualmente.

Na CIPA, sempre atuou em defesa dos trabalhadores contratados que laboram no Terminal de Cabiúnas em condições muito mais perigosas e degradantes que os trabalhadores concursados, conseguiu avanços no andamento das manutenções preventivas e de emergência principalmente naqueles relacionados ao SPIE, levou a empresa a exigir a presença de representantes eleitos de todas as CIPA’s das contratadas nas reuniões ordinárias da CIPA do TECAb que passou a impulsionar os andamentos das demandas destas CIPA’s.

Durante seu mandado, a CIPA conseguiu realizar inspeções periódicas às áreas com produção de relatórios de inspeção que eram encaminhados aos setores responsáveis e garantido o acompanhamento dos atendimentos pela CIPA.

A certificação do SPIE foi suspensa por duas vezes enquanto a empresa punha em dia um número enorme de equipamentos sem instrumentos ou com instrumentos defeituosos de medição de nível, pressão e vazão.

A iluminação do terminal também era precária, assim como as pinturas da sinalização de segurança.

Liderando a discussão sobre a exposição ao Benzeno, em parceira com outros cipeiros históricos que sempre embandeiraram este debate, conseguiu levar este debate a muitos avanços.

O Ministério do Trabalho registrou em 2010 que a Transpetro deveria apresentar os comprovantes de recolhimento de GFIP para aposentadoria especial devido estar evidenciado que os trabalhadores estavam expostos ao benzeno nas áreas operacionais.

Também nesta auditoria ficou evidenciado que a empresa estava mascarando as circunstâncias da morte do trabalhador terceirizado Adilson Horta para descaracterizar o acidente de trabalho.

Todos os membros eleitos passaram a ser assediados de maneira sistemática após a auditoria e os auditores fiscais do MTE foram transferidos para não dar continuidade ao procedimento que poderia ter levado a interdição do terminal de Cabiúnas.

No fim do ano de 2010, Ana Paula estava grávida de 6 meses e foi submetida a uma comissão de investigação sem direito de defesa que decidiu por adverti-la por escrito. Indignada e abalada com a arbitrariedade, entrou em trabalho de parto que lhe impôs 3 meses de repouso absoluto. O médico do Sindipetro NF emitiu CAT e junto ao INSS foi requerido o reconhecimento do acidente de trabalho. A Câmara Especial de Brasília transformou seu auxílio-doença em benefício acidentário reconhecendo o acidente de trabalho.

Quando retornou ao trabalho, após a licença maternidade, o assédio moral continuou e a repressão foi tanta, que Ana Paula levou ao conhecimento do Ministério Público do Trabalho que havia um sistema de Assédio Moral Institucionalizado na Transpetro.


A demissão também aconteceu para promover o ocultamento de esquemas de corrupção

A presidência da Transpetro e da Petrobras tomaram conhecimento da denuncia ao MPT através de protocolo nos edifícios-sede, aos cuidados de Sérgio Machado e Sérgio Gabrieli.

Após isso, a empresa aumentou a perseguição à Ana Paula que não conseguia trabalhar, pois ficou os meses sem acesso regular a intranet.

A Transpetro criou uma comissão para apurar a denuncia que praticou ainda mais assédio moral aos trabalhadores que foram convocados em clara intimidação para serem ouvidos. Ana Paula se negou a comparecer a comissão sem acompanhamento de advogado conforme orientação jurídica do Sindipetro NF.

Simultaneamente, acontecia o processo eleitoral para o CA da Transpetro. As lideranças de Cabiúnas se alinharam para indicar seu nome como candidata do terminal. Devido sua atuação no reconhecimento à exposição ao benzeno, seu nome já era conhecido na Bacia de Campos e também em várias bases e outros estados. Atuava também como sindicalista e foi eleita inúmeras vezes para representar os trabalhadores do TECAB. O reconhecimento pela sua liderança era notável também nas mobilizações. Já havia se candidatado a diretoria na chapa de oposição à direção do NF.

Assim, seu acesso a intranet foi bloqueado para evitar que se inscrevesse como candidata. Usando um computador de uso comum do setor, inscreveu-se às 11h como candidata e no mesmo dia, uma comissão vinda do Rio de Janeiro lhe demitiu por justa causa sem elencar nenhum motivo real.


Diretoria do NF, FUP e CUT a abandonaram politicamente e tentaram prejudicar sua ação na justiça

A demissão de Ana Paula Aramuni aconteceu no dia 04 de maio de 2012, no 7º dia da campanha do Sindipetro NF “TIRE A MORDAÇA” que incentivava a categoria a denunciar as irregularidades nas bases da Bacia de Campos quanto à segurança e saúde do trabalhador e também os casos de assédio moral.

A campanha foi desmoralizada pelo abandono político que a direção do NF decidiu tratar o caso da companheira Ana Paula. Sequer promoveram o debate a cerca da intenção da empresa de aterrorizar os trabalhadores do terminal, a fim de desmobilizar um das bases mais combativas da BC.

Na comissão de anistia garantida pelo ACT, sua defesa também não foi realizada, pois a empresa rejeitou a tentativa da FNP visto que o Norte Fluminense é da FUP e esta não se interessou em fazer sua defesa junto a comissão de anistia.

O primeiro Encontro de Mulheres da FUP aconteceu alguns meses após sua demissão e as mulheres organizadoras do evento impediram sua inscrição, sem considerar a necessidade de debater junto as petroleiras e fazer um movimento em defesa da companheira também pelo coletivo das mulheres.
Neste evento estiveram presentes o então coordenador geral da FUP João Moraes e também a presidente da Petrobras Graça Foster.


Os representantes da FUP, na Comissão Eleitoral do C.A. da Transpetro, vota­ram contra a trabalhadora, demonstrando estarem juntos com o RH da empresa, e não homologaram a candidatura de Ana Paula, ultrapassando os limites das divergências políticas, exercendo o papel de carrascos patronais infiltrados nas instituições de defesa dos trabalhadores.


Paralelo a isto, o jurídico do NF entra com pedido de liminar e não pede a reintegração no mesmo processo o que leva a justiça a ter o seguinte entendimento que derrubou a liminar concedida num primeiro momento:

A discussão existente neste processo só se justificaria se houvesse pedido de manutenção de emprego, pois este é requisito lógico e inafastável para que o trabalhador se candidate a representante dos empregados no conselho administrativo de uma empresa. Não tendo a autora pretendido o retorno aos quadros da reclamada, é indene de dúvidas que não faz jus à candidatura ao cargo de representante dos empregados no Conselho de Administração. Recurso a que se nega provimento. “


A ação de reintegração foi peticionada após um mês da demissão e alegando falsa estabilidade, a de gestante, visto que a filha de Ana Paula nasceu em fevereiro do ano anterior, o que gerou um imbróglio que prejudicou o andamento do processo.
Enquanto que as estabilidades garantidas foram subestimadas e deixadas em segundo plano: era vice-presidente da CIPA, com acidente de trabalho reconhecido pelo INSS e candidata inscrita ao CA.


O jurídico do NF também não solicitou a gratuidade de justiça e talvez aja alguma cobrança para a companheira Ana Paula.
E quando o juiz entendeu que a companheira não era cipeira, o jurídico não contestou. Daí que após tal golpe, Ana solicitou que fosse feito o substabelecimento das ações para o advogado de sua confiança.



A FNP desde o inicio deu apoio incondicional a companheira Ana Paula sem lhe exigir qualquer compromisso, em plena demonstração de solidariedade de classe e compreensão do dano coletivo de uma demissão arbitrária de um trabalhador com tantas estabilidades e histórico de luta.

Inicialmente a direção do NF rompeu com a tradição de custear o apoio financeiro a demitidos políticos praticado na BC, pagando durante os 7 primeiros meses apenas o salário básico da companheira.

Para evitar o impacto financeiro, a FNP passou a complementar este valor alcançando 75% da renumeração habitual e iniciou uma campanha por todas as bases do Brasil para que o NF custeasse 100%.

As lideranças de oposição na base do NF coletaram um abaixo assinado com mais de mil assinaturas que foi contestado pela direção do NF que se negava a custear a subsistência da companheira que é mãe de 4 filhos menores de idade.

Muitas foram as manifestações de apoio das plataformas e da base de Cabiúnas em defesa do custeio e depois de 7 meses de campanha, a diretoria cedeu e passou a custear o mesmo valor da última renumeração recebida no ultimo mês, acrescido de uma ajuda de custo para custear gastos médicos devido um dos filhos ser portador de diabetes.


Desde o dia da sua demissão, quando solicitou o custeio, afirmou seu compromisso de restituir a entidade os valores recebidos a título de empréstimo, assim que acontecesse sua reintegração que sempre tratou como liquida e certa.

Também afirmou o compromisso de restituir a complementação garantida pela FNP durante os meses de omissão do NF.

Os diretores insistem em divulgar pelas bases que a companheira recebe cerca de 10mil reais com o intuito claro de desqualificá-la, visto que muitos companheiros

O assessor jurídico do NF se manifestou em público diversas vezes antes e depois de fazer o substabelecimento, que não acreditava na possibilidade da reitegração acontecer e que uma decisão plausível seria a conversão da justa causa em demissão sem justa causa.

A CUT chegou a fazer contato com a companheira mas não lhe deu qualquer retorno, se limitando a publicar a moção aprovada no primeiro Congresso regional da categoria na base do NF. A comissão de anistia de Brasília, questionou o fato de Ana Paula ser demitida política, alegando que o governo Dilma não persegue nem demite trabalhadores honestos. A CUT não rebateu a difamação.




Reintegração de Ana Paula é a segunda conquistada pela UCP NF


No ano passado os petroleiros da Bacia de Campos comemoraram a reintegração do companheiro Carlos Eduardo de P15 que foi impedido de se candidatar a CIPA e desimplantado sem adicionais tendo que custear sua permanência em Macaé do próprio bolso por mais de 6 meses.

Após este período, estando também adoecido e requerendo o reconhecimento de doença do trabalho, a Petrobrás lhe demitiu.

Foi abandonado pela direção que lhe negou assistência financeira e política.

Decidiu optar pela assitência jurídica de advogados parceiros da UCP NF e em menos de 1 ano e meio estava reintegrado no posto de trabalho de origem e recebendo todos os adicionais.